A Flotilha da Cúpula dos Povos, com mais de 200 embarcações, exige justiça climática na COP30
13-11-2025
Mais de 5.000 pessoas a bordo de cerca de 200 embarcações, navegaram juntas pela foz do rio Amazonas, em Belém, durante a COP30, para se manifestarem contra as falsas soluções climáticas como os mercados de carbono e para mostrar que a resposta aos desafios que enfrentamos não está nos grandes poluidores e destruidores da natureza, mas sim nos conhecimentos e práticas ancestrais dos povos indígenas e nas comunidades costeiras e locais.
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A Greenpeace juntou-se à flotilha com o Rainbow Warrior que continuará atracado na Universidade Federal do Pará onde decorre a “Cúpula dos Povos” em paralelo com a COP30.
O evento contou com a participação de pessoas de mais de 60 nacionalidades, mostrando a força e a unidade da sociedade civil e das organizações indígenas vindas de diferentes cantos do mundo.
Carolina Pasquali, diretora executiva da Greenpeace Brasil declarou
“Os milhares de pessoas que hoje participam na flotilha demonstram a força de um movimento global unido comunidades que têm sido afetadas por fenómenos meteorológicos extremos e por empresas que lucram com a destruição da natureza povos indígenas que carregam gerações de conhecimento direitos terras e florestas e a sociedade civil que exige medidas reais e imediatas dos mandatários e negociadores da COP. Esta COP tem de ser uma COP de ação. Ação pelo clima ação pelas florestas ação pelas pessoas.”
Líderes indígenas e representantes de comunidades de vários países juntaram-se à flotilha a bordo do Rainbow Warrior como Trixy Sumabal Elle representante das comunidades afetadas pelo clima nas Filipinas Fransiska Rosari Clarita You jovem indígena da Papua Indonésia o chefe Marcos Xukuru do povo Xukuru do estado de Pernambuco e Luene Karipuna líder indígena do estado do Amapá Brasil.
Também estava a bordo um grupo que representa o movimento das pessoas atingidas pela construção de barragens.
Luene Karipuna líder indígena disse: “Estamos aqui na COP30 para dizer às pessoas que a resposta somos nós os povos indígenas o nosso conhecimento ancestral e a proteção das nossas terras. O nosso território tem sido afetado pela exploração petrolífera na Amazónia e pela falta de respeito pelos direitos indígenas. Precisamos que a COP discuta uma transição energética para eliminar os combustíveis fósseis. Esta é uma COP que precisa de decisões corajosas. Temos de colocar as terras indígenas no centro do debate e protegê-las como política climática. O mundo tem de perceber que a resposta à crise climática está nos territórios indígenas e que nós temos as soluções. Há milhares de anos vivemos na Terra sem a destruir.”
“Hoje os povos indígenas e as comunidades locais afetadas pelas alterações climáticas junto com ativistas de todo o mundo deram as boas-vindas ao rio Amazonas que chegou a Belém onde decorre a COP30. O sistema socioeconómico falhado e corrupto e as elites e líderes mundiais que o sustentam já causaram sofrimento e destruição a mais. Agora é o momento da mudança o momento de exigir responsabilidade o momento de ativar soluções o momento de lhes abrir espaço para decidirmos e criarmos um futuro alternativo para as pessoas das florestas das águas e da terra. Não vamos permitir que a inação o racismo ambiental e as injustiças continuem a reinar nas salas de negociações da COP. O futuro será aquilo que quisermos que seja.”, afirmou Eva Saldaña diretora executiva da Greenpeace Espanha e Portugal, a bordo do icónico navio da Greenpeace.
Na COP30 a Greenpeace exige um Plano de Resposta Global para enfrentar o défice de ambição dos 1,5 °C e acelerar a redução de emissões nesta década crítica um novo Plano de Ação para as Florestas que ponha fim ao desmatamento entre 2025 e 2030 a criação de um novo grupo permanente na agenda da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) para impulsionar o cumprimento dos Novos Objetivos Coletivos Quantificados (NCQG) aumentando em particular o financiamento público dos países mais ricos e promovendo a justiça climática financeira para desbloquear mais financiamento público para os países do Sul Global com base no princípio “quem polui paga”.