EM MEMÓRIA DE FERNANDO PEREIRA

Julho 10, 2025

40 anos após o atentado ao Rainbow Warrior, o ativismo continua sob ameaça

Lisboa, 10 de julho de 2025: Há 40 anos a Greenpeace Internacional foi alvo do ataque mais grave e violento contra a organização e que matou o fotógrafo e ativista português Fernando Pereira.
No dia 10 de julho de 1985, o fotógrafo, de 35 anos, foi morto durante um atentado bombista que afundou o navio Rainbow Warrior, no porto de Auckland, Nova Zelândia. Fernando Pereira estava no interior da embarcação a tentar recuperar o equipamento fotográfico após uma primeira explosão. O ativista acabou por se afogar numa segunda explosão.
O atentado contra o navio Rainbow Warrior foi levado a cabo por agentes dos serviços secretos da França – a Direção Geral de Segurança Externa (DGSE) e a operação foi ordenada pelo governo francês, durante a presidência de François Mitterrand, com o objetivo de impedir protestos da Greenpeace contra testes nucleares franceses no Pacífico.
Os dois agentes franceses envolvidos no ataque mortal foram presos na Nova Zelândia e, mais tarde, condenados por homicídio e conspiração criminosa, cumprindo apenas penas simbólicas, numa base militar francesa, ao abrigo de um acordo diplomático.


O Diretor da Greenpeace Portugal afirma que “Hoje recordamos um dos momentos mais trágicos e vergonhosos da história doativismo ambiental: o bombardeamento do navio Rainbow Warrior por agentes dos serviços secretos franceses, que custou a vida ao nosso companheiro Fernando Pereira – fotógrafo, ativista, pai de família, e defensor incansável da justiça ambiental e da paz.
Toni Melajoki Roseiro recorda que “Os seus ideais levaram-no a sair da sua terra (Chaves), a pé e à boleia, até os Países Baixos – onde mais tarde acumularia a cidadania local. Fê-lo por ser objetor de consciência e não se rever no regime instaurado (não nos esqueçamos que oFernando era da geração do Maio de 68.)”
Melajoki reforça ainda que “Este ato de terrorismo de Estado, tentou silenciar-nos. Mas não conseguiram! Bem pelo contrário; fortaleceram um movimento global.
Passados 40 anos, vivemos outras formas de nos silenciarem, como as “Slapp”, a desinformação, multas ou ameaças de prisão. No entanto, é da nossa responsabilidade honrar o legado do Fernando e garantir que, Governos ou Empresas, não possam agir na total impunidade.
Exigimos mais do que memória! Exigimos ação! Exigimos transparência e justiça climática e que os valores dos povos e do planeta sesobreponham aos interesses militares ou económicos.”

O ataque ao Rainbow Warrior foi uma tentativa deliberada de silenciar os protestos anti nucleares no Pacífico e de desencorajar o ativismo.
No entanto, acabou por gerar uma onda de indignação e mobilização global. A expressão “Não se afunda um arco-íris” tornou-se símbolo da resiliência de quem transforma a esperança num mundo melhor em ação concreta.

IMAGENS DA CERIMÓNIA NA NOVA ZELÂNDIA AQUÍ

IMAGENS DA CHEGADA DO RAINBOW WARRIOR III AQUÍ

O Diretor Executivo da Greenpeace Internacional, Mads Christensen, afirma que: “Este aniversário não é uma celebração, mas um momento de memória. É tempo de homenagear Fernando Pereira, a tripulação do Rainbow Warrior e a missão que os levou até Auckland.”
Christensen sublinha que, “Este ano, a Greenpeace viajou até às Ilhas Marshall para realizar estudos científicos e documentar, em primeira mão, a devastação e os impactos na saúde causados pelos testes nucleares. Passados 40 anos, estas comunidades continuam a lutar por justiça.”
A comunidade internacional enfrenta hoje uma escalada da ameaça de guerra, e a dupla crise das alterações climáticas e da perda de biodiversidade e mostra-nos que precisamos de ativismo mais do que nunca.
Em 2025, o ativismo e a sociedade civil enfrentam a mesma violência e repressão… Mas não conseguiram afundar um arco-íris, e nunca conseguiram silenciar a esperança. Não conseguiram derrotar a convicção de que o mundo pode mudar – e que juntos podemos ser essa mudança.”


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