Reação ao relatório da ONU sobre calor extremo e trabalho
O calor extremo provocado pelas alterações climáticas coloca em risco as pessoas trabalhadoras: a Greenpeace exige que a indústria fóssil pague pelo desastre climático que causa
22-08-2025
A Greenpeace vê com preocupação os dados hoje publicados num relatório conjunto da Organização Mundial da Saúde e da Organização Meteorológica Mundial. Segundo este relatório, a frequência e a intensidade dos episódios de calor extremo aumentaram drasticamente e estão a afetar negativamente cerca de metade da população mundial, reduzindo a produtividade das pessoas trabalhadoras entre 2% e 3% por cada grau acima dos 20 ºC e aumentando o risco de insolação, desidratação, disfunção renal e distúrbios neurológicos.
Num contexto em que os impactos climáticos, como incêndios florestais, ondas de calor e secas, não param de piorar – como está a acontecer em Espanha este verão – a Greenpeace exige que as empresas petrolíferas e de gás, principais responsáveis pelas alterações climáticas, paguem pelos danos que causam.
“As pessoas trabalhadoras estão na primeira linha de risco face a extremos climáticos como as ondas de calor ou os incêndios, e este relatório demonstra-o de forma inequívoca”, afirmou José Luis García Ortega, responsável pela área de Clima, Energia e Mobilidade da Greenpeace Espanha.
“É indignante que, em plena crise, desapareçam os principais responsáveis – aqueles que fornecem o combustível que alimenta a crise climática: as grandes corporações de combustíveis fósseis. Qualquer plano ou pacto de emergência climática tem de obrigar estas empresas a pagar, através de novos impostos, pelos danos que causaram e continuam a causar, retirando-lhes todos os privilégios e subsídios de que ainda beneficiam. A Repsol e o resto das companhias fósseis querem escapar sem pagar pelos danos que os seus negócios sujos provocaram. Não o podemos permitir.”
“Os Governos não podem ficar de braços cruzados enquanto a saúde e os rendimentos das pessoas trabalhadoras se deterioram devido à crise climática que as corporações fósseis provocaram. Organizações e pessoas em todo o mundo, especialmente as mais afetadas pelas alterações climáticas, estão a mobilizar-se e a exigir mais investimento em adaptação, com planos adequados para enfrentar este desafio. Mas não é a população, e sim os culpados desta crise climática, quem deve financiar as medidas – com impostos pesados sobre os lucros das empresas de combustíveis fósseis”, declarou Rebecca Newsom, responsável política da campanha “Stop Drilling, Start Paying” da Greenpeace Internacional.
No início deste ano, a Greenpeace Internacional juntou-se ao Pacto “Quem Polui Paga”, uma aliança global de comunidades que estão na linha da frente face aos desastres climáticos. Esta aliança exige que corporações fósseis, como a Repsol, paguem os custos das perdas, da adaptação e mitigação das alterações climáticas que provocaram.
Entre os grupos que apoiam o Pacto estão grandes sindicatos e pessoas trabalhadoras individuais de toda a Ásia, incluindo quem trabalha na recolha de resíduos para reciclagem, no Sindicato de Trabalhadores da Amazon, trabalhadoras do lar, da construção e de fábricas que enfrentam temperaturas insuportáveis nas suas casas ou locais de trabalho.
A Greenpeace tem documentado o impacto de condições meteorológicas extremas e realiza campanhas para exigir aos Governos de todo o mundo que responsabilizem as empresas de petróleo, carvão e gás, forçando-as a pagar pelos danos que causam.