DIA DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Portugal está a traçar um novo caminho para proteger a biodiversidade. A estratégia é promissora. Agora é tempo de a concretizar.
Um plano para proteger o que é de todos
Portugal está a ultimar uma nova Estratégia Nacional para a Conservação da Natureza e da Biodiversidade até 2030. Entre os compromissos: restaurar ecossistemas degradados, proteger 30% do território terrestre e marinho, eliminar apoios prejudiciais à biodiversidade e integrar a conservação em políticas públicas como agricultura, florestas, energia, urbanismo e ordenamento do território.
É um plano ambicioso, alinhado com as metas internacionais, e com potencial para transformar a forma como o país cuida da sua natureza. Mas, como sempre, o mais difícil será garantir que sai do papel.
Um país pequeno com uma natureza imensa
Portugal alberga cerca de 35.000 espécies de plantas e animais – 22% das conhecidas na Europa e 2% do total mundial. Um quarto do território está já classificado como protegido mas, apenas uma pequena parte das áreas integradas na Rede Natura 2000 tem planos de gestão ativos.
Além disso, 25% das espécies endémicas acompanhadas pela ciência ocorrem em Portugal, e quase uma em cada cinco, está ameaçada. Estes dados revelam não só o valor da biodiversidade portuguesa, mas também o dever de a proteger com responsabilidade.
Quando o mar mostra que é possível
Nos últimos anos, o oceano português deu passos firmes. As áreas marinhas protegidas passaram de cerca de 5% para 19%, e estão agora em expansão para pelo menos 27%, com a criação de novas zonas, como o banco de Gorringe, um ecossistema único, situado a cerca de 200 quilómetros, a sudoeste do Cabo de São Vicente.
A juntar-se à maior área protegida do Atlântico Norte, recentemente criada nos Açores, o Gorringe reforça o papel de Portugal como um dos países mais avançados do mundo em conservação marinha. Mas proteger não é apenas anunciar: é gerir, monitorizar, fiscalizar e garantir meios no terreno.
A urgência de hoje
A nova estratégia está prevista para avançar em 2026. Mas a natureza não pode esperar. Muito pode e deve ser feito desde já: nas escolas, nos municípios, nas práticas agrícolas e nos instrumentos de ordenamento do território. Com decisões políticas corajosas, planos de ação locais bem orientados e a participação ativa da sociedade, também através de projetos onde qualquer pessoa pode ajudar a recolher dados ou proteger o que a rodeia.
Neste Dia Nacional da Conservação da Natureza, celebramos os avanços e reafirmamos a urgência. Proteger a vida natural é mais do que uma meta para o futuro. É uma responsabilidade do presente. E do agora.