10 motivos para proteger a Amazónia
A cada minuto de cada dia, a Amazónia respira, dança e canta com uma variedade infinita de plantas e animais, muitos dos quais nós, humanos, ainda não compreendemos ou conhecemos. A Amazónia é fonte de vida, insubstituível e, no entanto, encontra-se profundamente vulnerável.
A Amazónia não é apenas a maior floresta tropical do mundo. Ela também é, desde há dezenas de milhares de anos, o lar dos seus povos originários que resistiram a séculos de incursões coloniais para proteger a sua casa.
De seguida partilhamos 10 factos fascinantes para te inspirar a agir pela proteção da Amazónia:
1. A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo
Estendendo-se ao longo de mais de nove países da América do Sul, a Amazónia é a maior floresta tropical do planeta, com 6,7 milhões de quilómetros quadrados.
É duas vezes maior que a Índia, o maior país do Sul da Ásia. A maior parte, cerca de 60%, fica no Brasil. Depois da Amazónia, as maiores florestas tropicais do mundo encontram-se na Bacia do Congo e Papua Nova Guiné.

A bacia do rio Tapajós, junto à Terra Indígena Sawré Muybu, é lar do povo Munduruku, no Estado do Pará, Brasil. O governo brasileiro planeia construir 43 barragens na região. A maior delas, São Luiz do Tapajós, afetará a vida dos povos indígenas e das comunidades ribeirinhas. Barragens como estas ameaçam o frágil bioma amazónico, onde os rios são fundamentais para a regeneração e distribuição das espécies e para a sobrevivência da flora local. Energias renováveis, como a solar e a eólica, são fundamentais para o futuro energético do Brasil. © Rogério Assis / Greenpeace
2. A Amazónia é um dos ecossistemas mais biodiversos da Terra
A Amazónia abriga aproximadamente 10% de todas as espécies conhecidas de fauna e flora do mundo. Desde as belas araras-azuis, aos destemidos jaguares e os incríveis golfinhos-cor-de-rosa, este vibrante ecossistema está repleto de vida. Em algumas áreas, um único hectare pode conter mais de 300 espécies de árvores, tantas como em toda a Europa, fazendo da Amazónia uma das regiões mais ricas ao nível da botânica.
Vários estudos evidenciam que a Bacia Amazónica abriga pelo menos 2.406 espécies de peixes, 427 anfíbios, 371 répteis, 1.300 aves e 425 mamíferos. No entanto, a maior parte da sua biodiversidade está nos invertebrados, particularmente nos insetos, com mais de 2,5 milhões de espécies já conhecidas.

Rapazes Munduruku caminham ao longo de um rio enquanto seguram lanças. Há gerações que o povo Munduruku habita a região de Sawré Muybu, no coração da Amazónia. O governo brasileiro planeia construir uma série de barragens na bacia do rio Tapajós, o que ameaçaria gravemente o modo de vida deste povo. Os Munduruku exigem a demarcação do seu território, o que garantiria proteção contra esses projetos. Além da preservação do seu modo de vida, a demarcação de Sawré Muybu asseguraria a conservação de 178.000 hectares de floresta amazónica. © Anderson Barbosa / Greenpeace
3. Vivem na Amazónia cerca de 3 milhões de povos indígenas
A Amazónia é o lar de uma grande diversidade de povos indígenas. Mais de 390 povos indígenas vivem na região, incluindo cerca de 137 grupos isolados, que optaram por permanecer sem contacto.
No Brasil, cerca de 51,2% da população indígena do país vive na Amazónia. Mas a maior floresta tropical do mundo também é o lar de comunidades tradicionais que vivem em harmonia com a floresta há gerações, como os Seringueiros, os Ribeirinhos, que habitam as margens dos rios amazónicos, e os Quilombolas, comunidades afro-brasileiras descendentes de pessoas escravizadas.
4. A Amazónia é o lar de mais de 40 milhões de pessoas
A Amazónia não é apenas uma vasta floresta rica em biodiversidade e morada dos povos indígenas, abriga também várias cidades. No Brasil, incluem-se cidades como Manaus, um pólo industrial com 2,2 milhões de habitantes, e Belém, que acolherá a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em novembro de 2025.
A vida destas pessoas está intrinsecamente ligada à floresta. Dependem dela para se alimentarem, para a água potável e para a regulação do clima local. O fumo dos incêndios tem um impacto direto em quem vive na região, escurece os céus e provoca problemas respiratórios, sobretudo em crianças e idosos.

Os Territórios Indígenas na Amazónia enfrentam uma devastadora combinação de seca extrema e incêndios florestais, impulsionados pelo agravamento das mudanças climáticas e por atividades criminosas de mineração ilegal e outras ações exploratórias. Estes acontecimentos têm impactos severos no meio ambiente e nas comunidades locais, especialmente no Território Indígena Capoto-Jarina, localizado na região do Alto Xingu, em Mato Grosso. Para além da gravidade da situação, há uma ausência de políticas públicas eficazes para mitigar e responder a estes fenómenos, deixando as populações vulneráveis ainda mais expostas aos efeitos da crise climática. © Marizilda Cruppe / Greenpeace
5. A Amazónia é vital para o clima global
Estima-se que a Amazónia armazene cerca de 123 mil milhões de toneladas de carbono, tanto acima como abaixo do solo, sendo uma das “reservas de carbono” mais cruciais da Terra e absolutamente vital na luta contra a crise climática. No entanto, vários estudos evidenciam que as áreas afetadas por incêndios e pela desflorestação estão agora a libertar mais CO₂ para a atmosfera do que a floresta consegue absorver, o que representa uma grave ameaça ao clima global. Proteger a Amazónia é proteger o futuro de todos.
6. Os incêndios na Amazónia não são naturais
Ao contrário de alguns incêndios florestais na Califórnia, no Mediterrâneo ou noutras partes do mundo, os incêndios na Amazónia não são naturais. No bioma amazónico, o fogo é usado no processo de desflorestação para limpar o terreno para agricultura e pastagem. O uso de fogo na Amazónia é frequentemente ilegal, assim como a própria desflorestação. Esta prática tem um enorme impacto na biodiversidade local, na saúde das populações que vivem na região e no clima global, já que os incêndios libertam grandes quantidades de carbono para a atmosfera.

Gado numa área de pecuária, ao lado de uma zona recentemente desflorestada e queimada, em Candeias do Jamari, no estado de Rondônia. A Amazónia continua coberta de fumo e devastada por uma destruição criminosa e descontrolada, de acordo com os voos realizados pela aliança Amazon in Flames, organizada pela Amazon Watch, Greenpeace Brasil e Observatório do Clima no Brasil. A expedição decorreu entre os dias 13 e 17 de setembro de 2024, nas cidades de Porto Velho (Estado de Rondônia) e Lábrea (sul do Estado do Amazonas). © Victor Moriyama / Amazon in Flames
7. A pecuária é a principal causa de desflorestação na Amazónia
A expansão do agronegócio na Amazónia exerce uma pressão cada vez maior sobre a floresta. Segundo um estudo, 90% das áreas desflorestadas na Amazónia brasileira transformam-se em pastagens para produção de carne e laticínios. Consequentemente, a comida que consumimos pode estar ligada à desflorestação na Amazónia. É necessário exigir que os governos deixem de comprar a quem destrói florestas, garantir que as cadeias de abastecimento não implicam a desflorestação e reforçar a proteção da Amazónia.
8. A mineração ilegal de ouro é uma grande ameaça para os povos indígenas
A mineração ilegal de ouro em terras indígenas no Brasil aumentou 265% em apenas cinco anos, entre 2018 e 2022. Essa atividade representa uma ameaça grave à saúde e à vida dos povos indígenas, destruindo rios, contaminando comunidades com mercúrio e trazendo violência e morte aos seus territórios.
Mas a mineração ilegal de ouro não afeta apenas a floresta e os povos indígenas. Um estudo recente demonstrou que peixes contaminados com mercúrio estão a ser vendidos em mercados de grandes cidades na Amazónia, colocando a saúde de milhões de pessoas em risco.

Demarcada em 1985, a Terra Indígena Sararé continua cercada de milhares de “garimpeiros” que jogam um jogo de “gato e rato” com as forças de segurança e de proteção ambiental. Lar do povo Nambikwara, o território de 67 mil hectares tem sido sistematicamente destruído pela ação de centenas de escavadoras hidráulicas que, dia e noite, aprofundam o drama de um povo feito refém na sua própria casa. Muito próximo das sete aldeias que abrigam uma população de 250 pessoas, e espalhadas por quase metade do território, o garimpo continua a expandir-se e a tornar inviável o modo de vida Nambikwara, ignorando o direito desta população de viver de acordo com os seus costumes e tradições. © Fabio Bispo / Greenpeace
9. A Amazónia está próxima de um ponto de não retorno
Cerca de 17% da Amazónia já foi desflorestada, e os cientistas alertam que estamos perigosamente perto de um “ponto de não retorno”. Segundo um estudo, se perdermos entre 20% e 25% da Amazónia, a floresta pode perder a sua capacidade de gerar a própria humidade, o que levará a menos chuvas, temperaturas mais altas e a um ciclo de degradação e seca autoalimentado.
Como resultado, vastas áreas da floresta podem transformar-se num ecossistema mais seco, semelhante a uma savana, incapaz de sustentar a sua rica biodiversidade. Isso traria consequências catastróficas para o clima global, para as comunidades locais e para o equilíbrio ecológico do planeta.
10. A conferência climática mais importante do mundo acontecerá na Amazónia este ano
Em novembro de 2025, a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas , acontecerá em Belém, a segunda maior cidade da região amazónica. Durante a conferência, representantes de países de todo o mundo irão reunir-se para discutir medidas de proteção do clima. Por todo o planeta testemunhamos e sentimos os impactos da crise climática. Esta é a nossa oportunidade de exigir que os líderes políticos passem das palavras para a ação urgente. Devem parar de conceder autorizações e fundos públicos a indústrias que destroem a Terra e, em vez disso, respeitar, apoiar e investir em soluções reais que já existem, soluções que colocam a floresta e os seus povos no centro da resposta. Os guardiões indígenas da floresta têm a verdadeira autoridade e devem ser respeitados e ouvidos. O momento é agora.
Proteger a Amazónia não é apenas sobre a floresta. É sobre respeitar as bases de uma relação equilibrada com a Natureza e traçar um caminho para um planeta seguro e saudável para todos nós.
Nós somos o ponto de viragem!